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Velha amiga

Encontro uma velha companheira vez por outra. Entendo agora que preciso encontrá-la, mas nem sempre a queria por perto.

Ela chega de diversas formas e em todas ela consegue bagunçar o meu dia.


Há dias que acordo até tranquila e nesses dias ela chega sorrateira e reclama logo do travesseiro. Esse é seu assunto predileto. O pescoço dói e por conta disso, a cabeça também. Tudo se torna irritante ao seu redor. Dias assim ela se demora em partir.

Percebo que ela está próxima quando tudo se transforma em reclamação. Se ela me acompanha ao banco, reclama da inflamação, do tempo de fila, do desgoverno do país. E até no salão... nem os esmaltes prestam mais, descascam logo, nem sei para quê pintar as unhas assim!


Algumas vezes até uso sua presença como boa desculpa para falar o que estava atravessado na garganta e por educação ou adestramento, tentava de muitas formas engolir.

Aproveito sua forma gasguita e descomo aquilo que não desceu.


Sabe que tantas vezes me envergonhei com esse comportamento de jogar na cara “minhas verdades”, mas depois de algum tempo percebi que as mudanças mais interessantes que me aconteceram foram depois dessas cenas.


Mas foi num dia em que não havia outra forma de fugir, de fingir que não era comigo que resolvi encarar essa senhora. Percebi que era a amiga que tentava me mostrar quando eu estava sendo desrespeitada, que tentava me fazer ver o que já era para ter sido descartado e eu tentava manter, que procurava me redirecionar.


Agora, ao menor sinal de sua presença, sento-me para conversar com essa senhora esperta e já evito muitos barracos. Ouço seus argumentos, procuro avaliar a situação e me retiro um pouco da questão. Como amigas agora, não a deixo comandar a situação e até gosto da minha amiga Raiva. #raiva #emoçoes #mudanças #enfrentandoavida #vida #autoconhecimento #terapia #brasil #brasilia




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