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Vamos juntas para a Tenda Vermelha?

Foto do escritor: Agivanda AndradeAgivanda Andrade

Qual o sentido de termos um lugar de encontro de mulheres?

Sabe que esse lugar já existiu e que foi provavelmente por isso que sobrevivemos e evoluímos tanto.

No filme inspirado no livro A Tenda Vermelha, de Anita Diamant vemos a perspectiva feminina sobre o modo de vida das mulheres na antiguidade e a importância de reforçarmos a sororidade como meio de resistência ao regime patriarcal.


Na antiguidade, quando os seres humanos ainda eram nômades, as tendas eram o meio de moradia e era erguida uma tenda especialmente para as mulheres se reunirem. Essa tenda ficou conhecida como a tenda vermelha por ser o lugar em que as mulheres se reuniam no período menstrual. É reconhecido cientificamente que o período menstrual das mulheres se autorregula quando ficam próximas umas das outras por um tempo maior.

As mulheres se dirigiam a tenda vermelha e ficavam juntas durante o período. Era o momento que elas tinham para compartilhar suas dores, seus sofrimentos, suas dúvidas, seus sonhos. Era o momento em que as mais velhas podiam compartilhar suas experiências de vida, o que era muito importante, porque assim era transmitido o conhecimento.


No filme é muito interessante ver o cuidado que tinham umas com as outras. Havia desavenças, é claro, mas que tinham que se resolvidas, porque a vida dependia desse entrosamento. As questões femininas com relação ao corpo, as gestações, os partos, as ervas medicinais que curavam o físico e o espírito, o relacionamento com os homens, a espiritualidade, tudo ali podia ser debatido.


Os homens aguardavam e protegiam as mulheres enquanto elas estavam na tenda vermelha e quando elas saiam eram recebidas com ansiedade. A mulher mais velha, e, portanto, mais sábia, se encontrava com o chefe da tribo e era ouvida, porque eles acreditavam na intuição, na sensibilidade aflorada para as decisões dos destinos da tribo, quanto ao tempo, ao clima, as mudanças.


No lugar onde a tenda vermelha ficava, a terra se tornava fértil porque a lua era plantada, ou seja, as mulheres depositavam seu sangue menstrual na terra.


Não sabemos quando, mas acredito que um dia algum homem percebeu o poder que as mulheres tinham quando se uniam e impediram o encontro, não erguiam mais uma tenda especialmente para isso.


Aos poucos, as mulheres perderam a sororidade, ou seja, esse olhar de afeto, de cuidado entre mulheres que se consideram irmãs.

As desavenças que eram resolvidas no tempo de convívio juntas foram se transformando em rivalidades. Aos poucos deixamos de perceber a importância de ouvir a mais velha, se encantar com a energia das mais novas e principalmente, ter um tempo em que uma mulher pode contar suas mais intimas dúvidas sem o medo de ser julgada, menosprezada e excluída. Ficamos a mercê da força do patriarcado que pelo medo do poder feminino incute o medo da concorrência, que nos separa cada vez mais umas das outras.


Por mais que hoje tenhamos todo o conhecimento científico sobre nossos corpos, como os hormônios agem em nosso humor, não suplanta a conversa com alguém que sofra e que vivencia em seu próprio corpo, em sua alma as mesmas dores, as incertezas, as emoções.


Meu convite para você é, vamos para a tenda vermelha virtual?


Quero quero ser ouvida e quero te ouvir. Me conta o que acha disso tudo?

Acesse aqui para assistir em vídeo, se preferir.



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