A minha dor de cabeça dói. Antes que você me corrija, é isso mesmo que você leu. A minha dor dói.
A minha dor se chama Contrariedade e não foi fácil descobrir seu nome porque não queria me tornar íntima dela. Já bastava ser para mim uma intrometida e inconveniente! Eu fugia dela ao máximo com remédios e me escondia no quarto escuro até que ela ia embora.
Algumas vezes, a insolente persistia e ficava por horas, mas, foi quando ela já havia perdido a noção do ridículo e se propôs a ficar mais de um dia comigo, que resolvi encará-la. Afinal eu não poderia deixá-la consumir a minha vida.
Fui refletindo: Desde quando eu sentia essa dor, o que acontecia antes de sua chegada, como meu corpo a recebia...
Lembrei da adolescente que fazia tudo certinho para não dar desgosto aos pais, de precisar ficar doente para justificar o descanso - assim como minha mãe fazia - do medo de ficar falada, da negação completa do meu corpo, do desconhecimento total das minhas emoções... e assim descobri que não era minha cabeça que doía, era a dor de ser contrariada na minha essência que ditava a tensão sobre a minha coluna vertebral e me deixava rígida, inflexível.
É assim que a dor emocional faz doer alguma parte do corpo quando não o corpo todo.
Agora já não me escondo e sei quando a senhora Contrariedade está chegando, então me retiro da turbulência e me sento para conversar: - O que a senhora quer de mim? como posso te aliviar, dona Contrariedade?
E você, que nome tem a sua dor de cabeça?
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