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Meu casamento a ventania levou


Foi na ventania que a enxerguei sem máscara. Me deparei com uma mulher que não conhecia. Estava mais envelhecida e a ruga entre os olhos denunciava sua seriedade e senti seu olhar de reprovação que me perseguia sempre.


Criei um escudo protetor para os ataques de reprovação que ela me enviava, me tornei um excelente driblador. Algumas vezes, saia pela tangente, fingindo demência (dela) e outras tantas ficava mais bravo que ela. Precisava viver também, me divertir um pouco. A séria era ela, não eu!

Gostava mais da máscara que ela usava quando nos conhecia. Era leve e sorridente e seu olhar sobre mim era de puro encantamento.

Foi na ventania que retirei a máscara que usei por tantos anos. Lustrei a máscara de boazinha, de concordata, de forte e exigente por tanto tempo. Exigia atenção de quem me enxergava como aquela que o impedia de ser feliz, concordava com os outros que diziam que os homens eram assim mesmo, me fazia de forte a cada desilusão, a cada mentira, fui deixando de me encantar.

Com a ventania ela se foi. Não era a casa vazia que me fazia sofrer, era saber que eu não ocupava mais seu coração. Não compreendi que seu olhar não me perseguia, me acompanhava por amor e que em cada drible que eu lhe dava, mais ela se afastava. Não a convidei para se divertir comigo.

Sua seriedade era meu porto seguro, que me chamava à razão quando eu achava que a vida podia ser só de prazer e diversão.

Na ventania fui embora. Não abandonei a casa, deixei meu castelo de sonhos construído apenas por mim. Fui princesa, fui bruxa e agora serei feiticeira. Saberei lidar com meus próprios encantamentos.

Gosto mais de quem agora sou. Sou mais leve, não levo ninguém nas minhas costas. Compartilho agora o caminho com quem gosta e aceita o meu novo jeito de caminhar.


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